Estamos em época de “contaminação”. Que não se trata apenas de uma generalização, o que é positivo, da vontade de escrita a nível internacional. Contudo: em grande parte dos casos ela é de má qualidade. A “mistura” multiplica-se e, por isso, confunde-se na rede. Muita não se baseia, para se tentar “inscrever” – utilizando a conhecida expressão popularizada pelo filósofo português José Gil -, em antecedentes literários. Uma grande parte dos trabalhos que são enviados para diversas editoras não tem sequer “formação”. Não existiu leitura: o passado foi, por isto, ignorado. Não raras vezes, por outro lado, é utilizada uma linguagem essencialmente televisiva: o discurso directo. E a auto- publicação, embora benéfica em termos democráticos, é, com muitas excepções, filha do instante e do curto- prazo. Não se trata, no que respeita a este artigo, de nos alhearmos do que é actualmente produzido. Mas o que existe tem de ter filiação. E ela deve ser procurada. Não são raros os autores actuais que evitam a leitura de obras do século XX e das que o antecedem por uma questão de “mercado” e de “legibilidade”. O que foi escrito lá atrás tornou-se estranho: “complexo”. A linguagem, ao que “parece”, “inacessível” e “erudita”. Não é que se deva denegrir o presente. Mas o futuro terá de ser construído não apenas com as premissas actuais – embora também – mas com tudo aquilo que os nossos pais e avós nos quiseram delegar. Em termos meramente “científicos” muitas páginas acabaram por caducar. Mas temos sempre livros maiores, mestres integrais e uma repescagem de pormenores que não nos convém ignorar. Sem contudo, se nos quisermos levar a sério por inteiro, deixarmos de estar atentos ao que vem aí. Levanta-se, de qualquer forma, uma questão. Se a rede se agiganta; se são criados diáriamente, apenas através do wordpress, cerca de 100.000 blogues: quem fará a selecção do que nos interessa em termos civilizacionais?
Category Archives: auto – publicação
Digitalização e Selecção Literária
Deixe um comentário | tags: afonso duarte pimenta, auto - publicação, guerras do sécuio xxi, linguagem, literatura do século XIX | posted in auto - publicação, crónica, edição, linguagem, literatura, livros
Guerras do Seculo XXI
Blogroll
Categorias
- alterações climaticas (5)
- amazon (2)
- ambiente (7)
- amor (3)
- Apontamento (9)
- arte (14)
- artes (1)
- artigos de opinião (6)
- auto – publicação (1)
- bartleby (1)
- big data (4)
- bio- tecnologia (1)
- biografias (8)
- biologia (4)
- biosofia (1)
- bissexualidade (2)
- black mirror (1)
- Braga (1)
- bullying (1)
- capitalismo (2)
- ciência (13)
- ciber guerra (1)
- cinema (12)
- clima (6)
- comédias românticas (1)
- computação (5)
- computação orgânica (2)
- comunicação (12)
- comunicação social (13)
- conectividade (9)
- consciência (6)
- crónica (27)
- crónicas (7)
- crise (2)
- cristianismo (10)
- cromoterapia (1)
- cultura (17)
- debates (1)
- democracia (6)
- desinformação (9)
- digital (26)
- documentários (9)
- e- book (1)
- Economia (4)
- edição (4)
- engenharia social (3)
- ensaios (6)
- entretenimento (11)
- escrever (6)
- escrita (16)
- espionagem (4)
- espiritualidade (2)
- evgeny morozov (3)
- existencialismo (1)
- facebook (5)
- fábulas (1)
- filmes (5)
- filmes de acção (1)
- filologia (6)
- filosofia (14)
- fotografia (3)
- foz do douro (2)
- francis fukuyama (1)
- futorologia (4)
- gadgets (10)
- google (1)
- história (11)
- homofobia (2)
- homosexualidade (2)
- imortalidade (1)
- imprensa (9)
- inconsciente (2)
- indústria de conteúdos (2)
- industrias criativas (2)
- informação (20)
- informática (3)
- innocence of muslins (1)
- innovation (3)
- inovação (11)
- inovação tecnológica (2)
- inteligência artificial (6)
- inteligencia (1)
- inteligencia emocional (5)
- internet (15)
- intimidade (2)
- jornais (5)
- jornalismo (28)
- jornalismo cientifico (3)
- linguagem (1)
- literatura (27)
- livros (20)
- marketing (7)
- matemática (1)
- Mão Morta (3)
- média (9)
- música (7)
- Medicina (2)
- mercado do crédito (1)
- michael jackson (1)
- natal (1)
- Nativos Digitais (1)
- natureza humana (6)
- negócios (2)
- networking (1)
- neuro- ciência (1)
- neuro- ciências (1)
- neuro- psicanálise (2)
- neurociência (3)
- neurologia (2)
- notícias (4)
- opinião (4)
- pintura (1)
- poesia (14)
- poesia conceptual (1)
- política (3)
- policia (2)
- Porto (1)
- privacidade (2)
- prosa (8)
- psicanálise (5)
- psicologia (12)
- psicoterapia (2)
- psiquiatria (1)
- publicações académicas (1)
- publicidade (2)
- racionalismo (1)
- realidade aumentada (1)
- realidade virtual (3)
- reality tv (1)
- redes sociais (14)
- relações públicas (2)
- religião (13)
- renascentismo (1)
- Revistas (1)
- robotização (2)
- roland barthes (1)
- sabedoria (5)
- sado-masoquismo (1)
- século XX (2)
- séries (3)
- Síria (1)
- selfie (2)
- serra do gerês (1)
- sexo (1)
- sexologia (2)
- sindrome de bartleby (1)
- singularidade (2)
- sociedade da informação (6)
- sociedade da transparência (1)
- sociedade do conhecimento (8)
- sociologia (9)
- software (3)
- subjectivismo (8)
- tablets (1)
- técnicas de desinformação (2)
- tecno- ciência (1)
- tecnologia (16)
- telecomunicações (1)
- televisão (7)
- Televisãp (3)
- terror (1)
- transição (2)
- transsexualidade (1)
- Uncategorized (20)
- vídeo- jogos (3)
Arquivo