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A Demanda pelo Ecrã Perpétuo como Fuga à Realidade

Desde, mais ou menos, o início, visível, da crise económica e financeira que nos concentramos, um pouco mais, nesta vontade colectiva de “conhecimento”. Mas, adicionalmente, de fuga a um contacto, um pouco mais, real. A vontade de ilusão que constitui a demanda pelo ecrã perpétuo. Laptop; Smartphone; I- Pad: não o queremos, unicamente, possuir. Desejamos incorporá-lo. Integrá-lo. Se possivel: sê-lo. Como demonstra este, ainda no início, segundo passo intitulado “Google Glass“. “Conectividade” ou “Realidade Aumentada”: eufemismos tecnológicos que expressam uma antitese de uma condição, afinal, bem humana: escapar à dor e ao corpo; evitar a história e a memória. A cronologia das emoções. Mark Zuckerberg no palco e Steve Jobs no altar – mais tarde, anseia-se, a “singularidade” -: “salvar-nos-ão”. Evitando, para já, esta última – e porque a cultura como civilização já o é -: valemos, ainda mais, como representação. Sob a forma de “avatar”. Existimos através de “conteúdos”, ou falta deles, sobre uma “realidade” que, cada vez mais, ignoramos. Para que sejam, seguidamente, comercializados. Validamo-nos socialmente, como consumidores e produtos, através de uma audiência que ambicionamos conquistar num universo digital que, dia após dia, se agiganta. O real está aí não tanto, agora, para que seja experienciado. Mas para ser redigido, fotogrado, filmado e comentado. Noticiado. De camada de ilusão em camada de ilusão: a “sociedade secular” tornou-se, definitivamente, “religiosa”. A humanidade, cada vez mais de costas curvadas e dedos estendidos: parece uma velha. Os próximos anos, por esta razão, requereriam a máxima atenção. Um conhecimento maior. Menos voragem, “dados” e “informação”. Isto: depois de tomar contacto com um excelente artigo da autoria de Tom Chatfield . Intitula-se “Cyborg Dreams” e está disponível através da aeon.